Calha do Corvo

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Casas em ruinas, localidades em deserção...

Algumas imagens de casas de construção antiga e tradicional de Santo Antão, que deixam muitas lembranças e saudades. Nos dias de hoje devido ao exodo rural provocado pela falta de meios de comunicação, nomeadamente estradas, telefone, portos, muitas zonas dispersas de Santo Antão tendem a despovoar, assim como "Aranhas ou Zaranha" (situado algures entre Cruzinha e Formiguinhas na costa norte da ilha). Com o despovoamento dessas localidades, as casas são abandonadas, entram em degradação e acabam por ficar em ruinas. São imagens bonitas de fotografar, mas tristes de recordar,  para muitos que antigamente viveram e passaram por estes locais.





Fonte: imagens de fonte alheia

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Formiguinhas

Formiguinhas é uma localidade situada aproximadamente a 15 minutos de Corvo e é ainda mais pequena em termos populacionais. É na localidade de Formiguinhas que se encontra a escola primária e que serve de centro administrativo local para assuntos jurídicos e institucionais. A escola de Formiguinhas representa a porta de entrada ou o primeiro passo da vida estudantil de muitos que passaram por lá assim como eu, que depois dispersaram para diversos liceus do país e universidades do mundo inteiro. A escola foi construída no tempo colonial, tem uma arquitectura própria que os portugueses usavam tradicionalmente em muitas zonas. Por isso a escola é querida por todos nós. Tirando a escola por outro lado, os recursos agrícolas, a água para consumo e regadio são provenientes de Corvo, o trapiche também localiza aí. Digamos que Corvo e Formiguinhas juntos formam uma só zona.





quinta-feira, 9 de junho de 2011

Corvo e o Mar

O artigo de hoje destaca em grande plano o mar, mostrando que Corvo não é só agricultura. Muitas pessoas conhecem, recordam e elogiam a localidade do Corvo pela sua ribeira verdejante e rica em água, mas esquecem do mar que está ái bem pertinho. Chama-se “boca d’ rbêra” (Boca da Ribeira) o lugar predilecto onde os moradores e não só, vão tomar banho e apanhar sol.
De facto o lugar não oferece boas condições para banhistas como aqueles que procuram praias de areia branca e água cristalina rodeadas de palmeiras e coqueiros, não longe disso. Boca d’ rbêra é um mar de pedras e arrifes e localiza-se debaixo de rochas perigosas.  As condições que existem na boca d’rbêra para tomar banho são umas poças grandes formados em lajes por natureza, umas fechadas, outras abertas ao mar alto, assim como autenticas piscinas.
Apesar de tudo, para nós que crescemos lá e conhecemos bem o lugar, isto não traz problema nenhum e pelo contrário este mar é um encanto para nós. Antigamente nas tardes de sol e especialmente nos fins-de-semana boca d’rbêra enchia de gente que para além do tradicional banho de mar e sol, fazíamos grandes convívios, jogos de carta, porrinha, caldo de peixe, etc.
Uma característica singular e especial do mar do Corvo e que eu já referenciei antes aqui no blog é existência de água doce que corre na ribeira e vai desaguar mesmo aí no mar da boca d’ rbêra, possibilitando deste modo aos banhistas tirar a salítra aí mesmo na hora.




Entretanto devo dizer que para além do banho de mar, no Corvo a pesca (tradicional) é também explorada e de certo modo bem aproveitada para subsistência das famílias. Fora da boca d’ rbêra ao longo da costa existem lugares propícios denominados por lajas, onde as pessoas (aqueles que entendem de pesca) costumam ir pescar. Dentro os quais a mais famosa e frequentada laja de pesca é o chamado: “Lagedo-largo” que em crioulo dizemos “jól-lorg” (ver foto). Jól-lorg é também o porto de desembarque de passageiros que muitas vezes preferem vir de botes para não fazer toda aquela caminhada a pé. 


   

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comprar dívidas - Parte II. Como se proceda o negócio de comprar dívidas públicas?

Afinal como se pode gerar grandes lucros, tornar rico e poderoso através do negócio de aquisição de dívidas públicas? Veja a seguir a explicação e tira as suas conclusões.
Imagina a seguinte situação: Um país, uma empresa ou qualquer organização comercial com fins lucrativos faz uma má gestão da sua economia, entra em défice orçamental e cria dívidas. Depois essas dívidas são transformadas em títulos de tesouro, acções ou obrigações conforme for a organização e vendidas nas Bolsas de Valores como se tivessem algum valor monetário.
Esta situação pode ser traduzida como um processo de branqueamento de capitais, sim porque criar dinheiro a partir de dívidas, não é economia real. Qualquer pessoa que estudou economia e que tenha um mínimo de conhecimento sobre a estrutura de um balanço, sabe que o dinheiro ou a riqueza na sua forma generalizada é criada a partir de activos, enquanto as dívidas fazem parte do passivo, e passivo nunca gera lucros.
O dinheiro sendo um bem muito procurado no mundo inteiro devido a sua multiplicidade de funções, e portanto segundo as leis da economia, quanto maior for a procura de um bem maior será o seu preço neste caso os juros que sobem, depois para responder à forte procura do dinheiro, os bancos (centrais) aumentam a sua oferta no mercado sem que haja uma expansão proporcional de bens e serviços. Assim o aumento da oferta do dinheiro no mercado influencia a subida dos preços de bens e serviços, originando desta forma a inflação e consequentemente a moeda vai-se desvalorizando.
Para comprovar isto, basta perguntar uma pessoa idosa quanto custava por exemplo em 1950 1 kg de arroz, 1 kg de açúcar, 1 pão, 1 bilhete de autocarro ou barco, 1 maço de cigarro, etc., depois comparas com o preço actual e verás como tão rápido o dinheiro perde seu valor real.
E pergunto agora: Porque existe esta forte procura pelo dinheiro? E a resposta é muito simples: É exactamente porque existe um forte endividamento. Daí concluímos que quanto mais dívidas existir, mais dinheiro será criado e vice-versa.
É por isso que a problemática do desemprego se torna cada vez mais dramática no mundo de hoje, isto é existe uma forte pressão sobre os governos para criar empregos, porque a população procura e necessita de emprego precisamente para cobrir dívidas. Não são só os desempregados que procuram emprego, toda a gente vive procurando emprego. Os que já têm um emprego procuram o segundo, os que têm dois procuram o terceiro e assim por diante. Isto quer dizer que quanto mais dinheiro temos, mais vamos gastar e mais vamos precisar.
Resumidamente toda essa situação anedótica descrita em cima funciona da seguinte forma:
1)    Os Governos criam as leis para dar força à máquina burocrática e todo o processo, e  ainda fazem a lavagem cerebral através das mídias;
2)    As grandes corporações fazem a propaganda e a publicidade através dos seus  produtos globalizados;
3)    Os Bancos fomentam o consumismo através do crédito fácil, sabendo que eles têm o  dinheiro como sua propriedade;
4)    As Bolsas de Valores representa o palco onde desenrola o teatro todo, isto é criam  dinheiro do nada para cobrir dívidas.
Na verdade antes da implementação do sistema capitalista nas grandes potências ocidentais, por volta do séc. XIX e início do séc. XX vigorava o regime cambial “Padrão Ouro”, em que o dinheiro circulava em forma de notas e moedas com valores fixos certificados em quantidade específica de ouro ou prata.
Com o fim do “Padrão Ouro” e institucionalização das Bolsas de Valores no mundo capitalista o dinheiro iniciou a sua era de desvalorização. O dinheiro então passou de real para virtual, ou melhor dizendo as Bolsas de Valores criam dinheiro do nada, porque aí não circula nenhuma nota viva em cash, o dinheiro que opera nas Bolsas é todo virtual, são simplesmente números que figuram nos ecrans dos computadores. Os chamados títulos de tesouro são na verdade meros instrumentos de endividamento para os Governos.
Não é por acaso que actualmente muitas equipas de futebol e outras organizações desportivas e culturais de eventos se aderem às Bolsas de Valores para cotação das suas acções, já constataram que aí eles podem enriquecer criando dinheiro fácil.
Cabo Verde não foge a regra à esta tendência, como foi referido na Parte I deste tema o país é dependente do exterior e seguidor dos modelos ocidentais. Portanto os curiosos podem procurar dados estatísticos em fontes credíveis como o BCV, a INE ou o MINFIN, e verificar realmente que indicadores como a dívida pública, o crédito bancário e consumo têm tendência sempre a subir, enquanto o valor real do escudo vai caindo de ano para ano e a inflação é sempre constante.
Portanto você que é empreendedor, esperto em negócios, não deixe de aproveitar as grandes oportunidades de gerar lucros na compra de dívidas. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Comprar dívidas - Parte I. Como é possivel gerar lucros comprando dívidas públicas?

Já imaginaste por exemplo fechar um negócio com um amigo teu, no qual compras as suas dívidas com o Banco, o Fisco, a Electra, a Telecom, os seguros automóveis, a loja, a propina dos filhos, entre outras obrigações, com a finalidade de obter lucros? Será isto possível? Onde está a viabilidade deste negócio?  De que estudo? Quem avalia? Muitas perguntas pairam no ar, parece que alguma coisa não bate certo…
Pois é, podes nem acreditar mas nos países mais avançados isto é mesmo uma realidade. Há porém casos ainda mais dramáticos, em que se compram dívidas de outras pessoas já falecidas, celebridades por exemplo. Agora as maiores transações neste ramo de negócio nem se dão por pessoas particulares, mas sim entre as grandes empresas multinacionais ou entre os países mais poderosos do mundo e sobretudo neste período de crise em que vivemos, isto está tornando uma verdadeira oportunidade.
A China, a segunda economia do mundo, posiciona neste momento como o país com as maiores reservas em divisas, isto é, lucros gerados na compra de dívidas públicas e títulos de tesouro de países da Europa, Africa e América, num montante avaliado em 2,2 biliões de euros (dados do Banco Central Chinês, 2010). A China detem 75% da dívida dos Estados Unidos e já adquiriu grande parte da dívida pública europeia, designadamente em Espanha 20%,  em Itália, Grécia, Bélgica e agora também em Portugal.
O Brasil também detem reservas, ainda que em quantidades bem inferiores à China, mas posiciona fortemente na possibilidade de adquirir parte da dívida pública de Portugal. O Brasil como se sabe, tem aumentando a sua participação no FMI.
A compra de dívidas públicas tida como um auxilio às economias em crise, é mais do que isso um pressuposto que visa fortalecer a presença dos países compradores no sistema politico e financeiro mundial, através de reservas gigantescas e grande volume de exportações.
Cabo Verde, sendo uma economia aberta e dependente do exterior e além do mais seguidor dos modelos ocidentais, não tem como fugir a este ramo de negócio. Pode ser que a compra de dívidas de forma directa entre empresas ou particulares ainda não é evidente, mas indirectamente este negócio já vem funcionando em Cabo Verde através da Bolsa de Valores (BVC).
A Bolsa de Valores juntamente com os Bancos e os Governos, formam uma tróica poderosa e jamais imaginável que operam no processo de lavagem de capitais.
Mas voltamos a questão inicial: como é possivel gerar lucros e tornar poderoso simplesmente por endividamento, sabendo que as dívidas por si só já representam falta de dinheiro?
Para saber a resposta a esta e outras perguntas e compreender melhor esta questão actual de "comprar dívidas", fica atento ao próximo post do blog que sairá muito em breve.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Em cima das nuvens, a caminho de Corôa...

Estas imagens mostram uma caminhada que realizamos em 2009 ao extenso e vasto deserto do Planalto Norte, situado algures no Concelho do Porto Novo. Foi uma longa e cansada caminhada, mas também divertida e uma aventura a cima dos 1500 metros de altitude e por onde o sinal da vida humana é escassa.






Até atingirmos o Planalto foram duas horas só a subir e subir por uma montanha vertical, muito íngreme e acima de tudo com pouca visibilidade devido ao nevoeiro. Chegando lá no cimo já não havia mais para subir, entretanto a verdadeira caminhada estava apenas no começo e o mais complicado estava para frente, porque no meio daquele extenso deserto são muitas as direcções e veredas para seguir e para quem vai lá pela primeira vez iria de certeza desorientar sem saber que rumo tomar. Por isso prevenimos e levamos connosco um guia que conhece bem o lugar(aconselho). 









Depois de escalarmos a "Bordeira" o guia mostrou-nos o rumo certo a tomar e partimos em direcção a localidade de Bolona. Andamos cerca de três horas até chegarmos lá, pelo meio o guia explicava-nos tudo o que perguntávamos. Ao todo foram cinco horas de caminhada só de ida, sendo que as duas primeiras horas foram cansativos só de subir. O nosso destino seria uma pequena localidade chamada "Lagoinha", que fica proxima do Topo de Corôa, mas acabamos por desistir e voltamos para Ribeira das Patas.