Calha do Corvo

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comprar dívidas - Parte II. Como se proceda o negócio de comprar dívidas públicas?

Afinal como se pode gerar grandes lucros, tornar rico e poderoso através do negócio de aquisição de dívidas públicas? Veja a seguir a explicação e tira as suas conclusões.
Imagina a seguinte situação: Um país, uma empresa ou qualquer organização comercial com fins lucrativos faz uma má gestão da sua economia, entra em défice orçamental e cria dívidas. Depois essas dívidas são transformadas em títulos de tesouro, acções ou obrigações conforme for a organização e vendidas nas Bolsas de Valores como se tivessem algum valor monetário.
Esta situação pode ser traduzida como um processo de branqueamento de capitais, sim porque criar dinheiro a partir de dívidas, não é economia real. Qualquer pessoa que estudou economia e que tenha um mínimo de conhecimento sobre a estrutura de um balanço, sabe que o dinheiro ou a riqueza na sua forma generalizada é criada a partir de activos, enquanto as dívidas fazem parte do passivo, e passivo nunca gera lucros.
O dinheiro sendo um bem muito procurado no mundo inteiro devido a sua multiplicidade de funções, e portanto segundo as leis da economia, quanto maior for a procura de um bem maior será o seu preço neste caso os juros que sobem, depois para responder à forte procura do dinheiro, os bancos (centrais) aumentam a sua oferta no mercado sem que haja uma expansão proporcional de bens e serviços. Assim o aumento da oferta do dinheiro no mercado influencia a subida dos preços de bens e serviços, originando desta forma a inflação e consequentemente a moeda vai-se desvalorizando.
Para comprovar isto, basta perguntar uma pessoa idosa quanto custava por exemplo em 1950 1 kg de arroz, 1 kg de açúcar, 1 pão, 1 bilhete de autocarro ou barco, 1 maço de cigarro, etc., depois comparas com o preço actual e verás como tão rápido o dinheiro perde seu valor real.
E pergunto agora: Porque existe esta forte procura pelo dinheiro? E a resposta é muito simples: É exactamente porque existe um forte endividamento. Daí concluímos que quanto mais dívidas existir, mais dinheiro será criado e vice-versa.
É por isso que a problemática do desemprego se torna cada vez mais dramática no mundo de hoje, isto é existe uma forte pressão sobre os governos para criar empregos, porque a população procura e necessita de emprego precisamente para cobrir dívidas. Não são só os desempregados que procuram emprego, toda a gente vive procurando emprego. Os que já têm um emprego procuram o segundo, os que têm dois procuram o terceiro e assim por diante. Isto quer dizer que quanto mais dinheiro temos, mais vamos gastar e mais vamos precisar.
Resumidamente toda essa situação anedótica descrita em cima funciona da seguinte forma:
1)    Os Governos criam as leis para dar força à máquina burocrática e todo o processo, e  ainda fazem a lavagem cerebral através das mídias;
2)    As grandes corporações fazem a propaganda e a publicidade através dos seus  produtos globalizados;
3)    Os Bancos fomentam o consumismo através do crédito fácil, sabendo que eles têm o  dinheiro como sua propriedade;
4)    As Bolsas de Valores representa o palco onde desenrola o teatro todo, isto é criam  dinheiro do nada para cobrir dívidas.
Na verdade antes da implementação do sistema capitalista nas grandes potências ocidentais, por volta do séc. XIX e início do séc. XX vigorava o regime cambial “Padrão Ouro”, em que o dinheiro circulava em forma de notas e moedas com valores fixos certificados em quantidade específica de ouro ou prata.
Com o fim do “Padrão Ouro” e institucionalização das Bolsas de Valores no mundo capitalista o dinheiro iniciou a sua era de desvalorização. O dinheiro então passou de real para virtual, ou melhor dizendo as Bolsas de Valores criam dinheiro do nada, porque aí não circula nenhuma nota viva em cash, o dinheiro que opera nas Bolsas é todo virtual, são simplesmente números que figuram nos ecrans dos computadores. Os chamados títulos de tesouro são na verdade meros instrumentos de endividamento para os Governos.
Não é por acaso que actualmente muitas equipas de futebol e outras organizações desportivas e culturais de eventos se aderem às Bolsas de Valores para cotação das suas acções, já constataram que aí eles podem enriquecer criando dinheiro fácil.
Cabo Verde não foge a regra à esta tendência, como foi referido na Parte I deste tema o país é dependente do exterior e seguidor dos modelos ocidentais. Portanto os curiosos podem procurar dados estatísticos em fontes credíveis como o BCV, a INE ou o MINFIN, e verificar realmente que indicadores como a dívida pública, o crédito bancário e consumo têm tendência sempre a subir, enquanto o valor real do escudo vai caindo de ano para ano e a inflação é sempre constante.
Portanto você que é empreendedor, esperto em negócios, não deixe de aproveitar as grandes oportunidades de gerar lucros na compra de dívidas.