Calha do Corvo

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Características peculiares de Corvo

Corvo é uma localidade pequena, distante dos centros urbanos assim como muitas outras zonas típicas da ilha de Santo Antão. Santo Antão é uma ilha de relevo montanhoso com um povoamento disperso em que a maioria da população e dos seus povoados predominam-se portanto em vales ou ribeiras e no alto (lombo ou chãs) das montanhas. Daí que não é estranho as denominações mais usadas na ilha são precisamente ribeiras, lombos e chãs. Assim Corvo como as demais localidades de Santo Antão, é uma zona encravada e escondida num pequeno vale, de caminhos íngremes e difícil acesso.

Entretanto Corvo apresenta algumas características únicas e singulares, que o distinga de outras paragens. Esta pequena aldeia caracteriza-se essencialmente pela abundância de água existente na ribeira e que corre diariamente para o mar, como se em Cabo Verde não houvesse tanta necessidade deste precioso bem. Lembro quando íamos ao mar tomar banho ou pescar, tirávamos a salítra aí mesmo nas bicas ou poças de água doce que vão ao encontro da água salgada, um aspecto raro em Cabo Verde.



Uma das características singulares também é a orografia da sua ribeira. A ribeira do Corvo é pequena e estreitíssima com cerca de 4 a 5 metros médios de largura, e as rochas erguem-se verticalmente fechando o céu quase que na totalidade dificultando assim a penetração do sol. Quando se vai para o inteiror da ribeira a visibilidade do céu torna-se difícil e de reduzida dimensão, proporcionando uma vista linda e extraordinária. Esta ribeira é coberta de inhámes, bananeiras e canas, e no seu percurso o caminhante tem o prazer de desfrutar o som da água correndo por entre as pedras e o cantar dos passarinhos escondidos na vegetação. Pura natureza!




Mas só para contrariar, a maior e mais exuberante peculiaridade de todas e que representa o cartão de visita de Corvo, é uma obra humana. Trata-se do famoso CORRENTE! Ora bem, percorrendo a ribeira chega-se à um sitio de nome torre (não sei a origerm desse nome) onde o caminho ou passagem normal de pessoas e animais é impossivel. Trata-se de uma cascata ou queda de água de aproximadamente 20 metros de altura. Então para dar continuidade ao caminho e respectiva passagem de pessoas, foi colocado aí um corrente de ferro, que passou a funcionar efectivamente como um simples acesso público ou um meio de comunicação normal.


Agora o problema é que nem todos estão preparados fisicamente, psicologicamente e com agilidades de um alpinista para escalar aquela rocha. Muitos chegam lá, mas voltam para trás porque têm medo de subir, principalmente mulheres e crianças. Outros pensam que a corrente pode partir, mas a veradade é que ela é forte e segura. Esta corrente foi colocada aí desde os tempos dos portugueses para possibilitar os agricultores o acesso à outras zonas férteis existentes na ribeira passíveis para prática de agricultura de regadio. Entretanto a corrente passou de uma simples utilidade de agricultores para uma atracção turística, se bem que muito despercebido.

2 comentários:

golfinha morena disse...

Eu fui ate chegar mas nem me atrevi a subir pela corrente.hehehehe...

Benvindo Chantre Neves disse...

Eu adoro Corvo, Bitin. Tenho uma paixão desmedida por aquele lugarejo. Sempre que posso vou lá, porque o vale inspira-me.... muito. De vez enquanto homenageio a zona no meu blogue.
Copia este link a seguir:

http://sinta10.blogspot.com/2008_11_01_archive.html


Abraço