Calha do Corvo

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O campo de futebol de Corvo - Palco de muitas alegrias, mas também de muitas degoladas



Este pequeno campo de jogo que o leitor vê na fotografia, situada debaixo de uma rocha perigosa, cheia de espinhos, pedras, cascalhos e junto com chiqueiros de porcos, em tempos foi palco de grandes jogos, intercâmbios escolares e muita convivência e animação na minha infância na localidade do Corvo. O leitor pode não acreditar, mas eu quando era pequenino ainda na 1ª classe por volta dos sete anos de idade, sonhava pisar este campo para jogar a bola junto com os mais grandes.
Como já referi várias são as recordações e bons momentos que passei no campo de jogo do Corvo, mas também inúmeras vezes são os ferimentos que normalmente quem jogava aí apanhava nos pés e no corpo. Isto porque jogávamos descalços e o piso como pode ver é cheia de pedras. A bola muitas vezes caía na ribeira encharcada de água e lama mas a regra era simples: quem atirasse ia logo buscar. Por vezes custava encontrar uma bola no meio dos inhames, em outras situações era demasiado nauseante e perigoso tirar a bola de um chiqueiro. Um dado curioso é quando a bola subia a ladeira continuava em jogo e por isso os jogadores ficavam atentos à sua reentrada em campo.
Naquela altura Corvo tinha um número de população residente bastante satisfatório com muita rapaziada que dava para formar várias equipas, sem contar com Formiguinhas que também jogava neste mesmo campo. As tardes de domingo eram momentos de muita alegria e satisfação, tradicionalmente depois de assistir pela rádio os relatos do campeonato português de futebol, toda a rapaziada dirigia para o campo jogar e os mais pequenos sempre a espreitar. A tardinha depois dos jogos costumávamos ir ao mar que ficava ali bem perto.
Hoje em dia quando vou ao Corvo e vejo aquele campo meio abandonado por falta de jogadores, paro e lembro aqueles momentos magníficos que passei aí, mas ao mesmo tempo pergunto para mim próprio: como foi possível jogar aí com os pés descalços!? Mas o que interessava mesmo era a diversão.
Como o futebol é muito popular em Cabo Verde e com as recentes transformações ocorridas, muitos campos e estádios de futebol que antes era só fmáça, agora vão-se modernizando um pouco por todo o país, com a introdução de relvados sintéticos, iluminação, etc. Por exemplo em Porto Novo no antigo estádio “Amilcar Cabral”, na Brava ou mesmo na Fontinha, São Vicente, quando se assistia um jogo seja ao vivo ou pela TV era muito difícil ver a bola, de tanta fumaça que levantava no campo. Hoje a realidade é bem diferente, por isso vale a pena agradecer a modernização.
Corvo sendo uma localidade distante e sem acesso automóvel, mas em outros aspectos da vida quotidiana tem mostrado indícios de modernização como já foi descrito aqui no blog, será que o relvado sintético vai um dia chegar no nosso querido campinho? Pelos vistos só em sonho. Mas de tanta gente que pisou o campo do Corvo e que agora se encontra no mundo fora, é bem possível que pelo menos um tenha tornado futebolista profissional a título de pisar um Wembley Stadium (ver foto em baixo) por exemplo. Wembley é um magnífico, extraordinário e emblemático estádio de futebol em Londres, Inglaterra. Um estádio moderno e dos mais sofisticados no mundo inteiro, tornando-se assim um sonho para qualquer futebolista pisar o seu relvado. E porque não sonhar em Corvo...


Fonte fotos Wembley: Google

3 comentários:

Benvindo Chantre Neves disse...

Ó Bitin, creio que ninguém consegue ficar indiferente ao vosso "estádio". Estava a espera que escrevesses também que as vezes eram os proprios jogadores a cairem (literalmente) na lama. Ouvi estória de que alguns atletas caíram mesmo nos chiqueiros que ficam mesmo junto a linha lateral. Harrra, esse bo'n dze'l, ou será que bo tb bo trançá cun txkin? hahah. Aproveito para te dizer que na próxima sexta-feira, 27 janeiro, a TCV vai passar o programa Regiões dedicado ao Corvo e Formiguinhas. O campo vai aparecer de certeza, hehehe.

Abraço

Bitim disse...

Olá Benvindo, obrigado pela informação do programa. Ficarei atento.
A estória que ouviste é verdade, já houve pessoas que cairam da parede a baixo, mas felizmente eu nunca. Sabes... um bom jogador não da o luxo de cair em chiqueiro..(risos).
Mais uma vez obrigado pelo teu empenho na reportagem de corvo, e já agora à TCV que chega pela 1ª vez (se não estou em erro)naquele recanto escondido.
abraço.

Junzim d'Plinária disse...

Menera Bitim? Ez vida? M'tive te elê bo texto k tud atenção (m'incontrél mód em pertcipá ness concurso) e ne Dzembro m'vivê ech imoçom tal e qual bô dscrevel. Dpôs d'déz óne sim bé pé Terra cónd m'tchgá nô Corv, nôs Corv, mim tembê m'pensá menera k mund tem volta e hoje kel kémpim e alguns d'kes casa ê meio ebondonód. M'levá um bola e m'ptá nhe play (kum garrafa d'grog te fzê d'central má mim :) ). Foi dia k'Ti Fréncisc inaugurá kel kázinha ne kel furrna lá d'boch dsot casa. Séb po fronta moç. E dém sodéd dsô ter bód 2 vez tê lá má kes gent te ne Ponta d'Sol... M'tiv, obviement, má Ti Sivér e Ti Nizinha. Bons temp e k se Deus quiser inda no te fzê um data d'cóld d'pech e torneio lá nô Corv. Content doiá um compatriota, mesmo estónd longe, continuá te sinti lugar sima m'te sintil tembê. Um braça e...nutícia :)